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As Imagens e as Vozes da Despossessão: A Luta pela Terra e a Cultura Emergente do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

Língua:

Português (change language to English)

Esta página:

Cultura emergente por tipo de mídia -> Escultura 6 recursos (Editado por Malcolm McNee. Tradução © Else R P Vieira.)

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Este recurso se encontra também em:

Murais
Pinturas

Autor:

Malcolm K. McNee

Título:

As artes plásticas no MST: a beleza como um direito humano

As artes plásticas, incluindo a pintura, a escultura, os murais e muitas outras formas de arte regionais, constituem um campo infinitamente rico de expressão cultural no MST. Juntamente com o teatro, a música, a literatura e a arquitetura, elas apresentam um fundamento criativo para uma das principais linhas de crítica cultural desenvolvida pelo Coletivo de Cultura do Movimento: a penetração avassaladora e monopolizada da mídia no campo sufoca algo muito fundamental ao desenvolvimento de indivíduos e comunidades -- o desejo de criar o belo. Para o MST, a democratização cultural envolve não só uma diversificação do que se disponibiliza em termos de consumo,

mas também a democratização dos meios de produção cultural, para que todos tenham o poder de explorar e desenvolver sua criatividade. Como diz Ademar Bogo, poeta e teórico do Coletivo de Cultura do MST, devido ao poder da massificação da cultura pela mídia, "as pessoas passam a acreditar que tudo já vem pronto e perdemos a qualidade mais profunda e digna do ser humano: sentir que somos criadores. Cada um a seu modo somos todos artistas, pintores, poetas, escultores, . . . por isso precisamos resgatar na juventude e em todas as pessoas esta vontade de criar, para que aquilo que edificam nossas mãos tenham beleza” [i]

Os exemplos de artes plásticas documentados nestas fotos podem ser divididos, a grosso modo, em dois grupos. O primeiro grupo, inclui pinturas, esculturas em madeira e esculturas de artistas individuais. A maioria delas são sem assinatura, ou marcadas apenas com o primeiro nome ou as iniciais, indicando de alguma forma uma relação bem pessoal, não profissional do artista com seu trabalho. Estes trabalhos representam a dignidade, a beleza e as esperanças do Sem Terra, ajudando a re-significar um termo negativo -- aqueles sem os meios básicos de produção e reprodução social no campo -- num positivo. Como estes trabalhos expressam, ser Sem Terra é uma identidade afirmativa para aqueles que se tornaram agentes de seus próprios sonhos de uma vida melhor e um mundo mais justo. Essas pinturas e esculturas também utilizam e incorporam outros significados aos símbolos da história coletiva e das aspirações do MST: ferramentas como facões, foices e machados; a cerca, como um obstáculo a ser enfrentado e superado; a bandeira do Movimento; a terra, tanto árida e dividida com arame farpado quanto exuberante e acomodando uma modesta habitação humana. Essas obras são espalhadas através dos espaços territorializados pelo MST, por exemplo, os escritórios estaduais e nacionais do Movimento, os mercados dos fazendeiros, onde os ativistas assentados levam sua produção cultural, e a Loja da Reforma Agrária em São Paulo.

O segundo grupo de obras inclui grandes murais. O muralismo se tornou um elemento importante nos congressos estaduais e nacionais do MST. Coordenados por artistas experientes de organizações como o Movimento de Artistas da Caminhada, trabalhando por solidariedade com os ativistas do MST, os murais são concebidos e pintados coletivamente. Temas importantes que definem um determinado congresso são desenvolvidos de forma alegórica nos murais, que também se apóiam e reforçam os símbolos do MST. Em um dos murais, um grupo de mãos ergue um pão acima das ruínas de cercas de arame farpado e revólveres. Num outro mural, celebrando o congresso em que culminou a longa marcha para Brasília, pés incontáveis se afastam do desespero nas margens do quadro e se movem em direção à esperança representada no centro pela abundância das colheitas; um bebê sadio é segurado por três mãos, com cores de pele

representando as etnias africana, européia e indígena do Brasil.

Data:

novembro de 2002

Recurso ID:

PLASTICA215

		À Universidade da página bem-vinda de Nottingham

Vozes Sem Terra, site hospedado pela
School of Languages, Linguistics and Film
Queen Mary University Of London, Grã-Bretanha

Coordenadora do Projeto e Organizadora do Arquivo: Else R P Vieira
Produtor do Web site: John Walsh
Arquivo criado em janeiro de 2003
Última atualização: 07 / 05 / 2016

www.landless-voices.org